Um diário de leitura do "Ulysses", de James Joyce, no Rio de Janeiro. Prefácio de Arthur Dapieve. Edição comemorativa dos 90 anos de "Ulysses" Segundo Arthur Dapieve, que assina a orelha do livro, Noga evidencia, em seu texto incomum - espécie de "diário de bordo de Ulysses", entre metido e erudito -, uma saudável mistura de insolência e coragem, "como se, daqui do século XXI, mandasse e-mails para o maior mito literário do século XX, fiel ao espírito daquele velho safado". Sem se preocupar com o gordo catálogo de regras acadêmicas que costuma assustar os que se aproximam de Joyce, Noga ousou não apenas lê-lo, ou escrever sobre ele, como arrogar-se uma intimidade intensa ao compreendê-lo como igual, parceira dedicada de vício e ofício, percebendo-lhe as intenções subjacentes com uma energia capaz de transcender até mesmo a barreira da morte. E de não se intimidar frente à celebridade do companheiro. Noga vai além: pressente a presença de Joyce em tudo, no cotidiano familiar, no prazeroso e penoso dia-a-dia de um Rio de Janeiro apreciado e, ao mesmo tempo, hostil, onde é hóspede temporária e do qual sonha, como Leopold Bloom, escapar em breve para uma "casa no campo".